Com o computador pifado desde sábado, não consegui atualizar o blog! Minha intenção é colocar uma imagem por dia, até que estas últimas 2 séries (as pequenas e as grandes) estejam todas aí e passe a postar o que estiver produzindo...
Hoje li os comentários da Andréia... é muito gostoso ter um retorno! Principalmente com um olhar tão sensível!
Fico muito lizongeada com o "monumental" que você diz Duli! e as referências que faz, nossa! Sabe que me lembro muito do dia que você as viu pessoalmente, aqui em casa? É sempre uma contribuição enorme! Gosto da idéia de você se ver no meu espaço... acho mesmo que a gente tem uma sintonia! Que é da formação, sim, mas também é muito pessoal!
Voltando ao monumental, pensando nessa palavra sem nenhum tom de 'engrandecimento' ou elogio, tentando pensar como uma característica deste objeto (a pintura-e tentando pensar nela assim e não só como algo meu!) acho que consigo perceber... é algo no corpo, acho. De um corpo que se impõe, expõe, se coloca nú, mas inda cheio de segredos! E pesado, né? o volume... Pra mim, um corpo "à flor da pele"...
Falando em ' flor da pele', há uma poesia ótima com esse nome, do Armando Freitas Filho! Ela é meio extensa, talvez não dê pra postar, mas vou olhar em casa depois...
bem, é difícil comentar os comentários... acabo de lê-los, vou assimilar melhor...
brigadão Duli!
quarta-feira, 24 de junho de 2009
sábado, 20 de junho de 2009
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Essa veio antes da verde!
quinta-feira, 18 de junho de 2009
a terceira das grandes!
Riobaldo disse:
"Só outro silêncio. O senhor sabe o que o silêncio é? É a gente mesmo, demais."
Estou terminando "Grande sertão veredas", do Guimarães...
Estou terminando "Grande sertão veredas", do Guimarães...
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Outras pinturas!
Neste feriado recebi a visita de alguns amigos (Elisa, Augusto, Luana e Alexandre) e quiseram ver as pinturas... Acabei mostrando também estas pequenas, que foram o meu "retorno ao auto-retrato" no ano passado, depois de uns meses sem pintar! Aí olhei pra eles novamente... esta a primeira acima é uma das que mais gosto... a outra acho meio dura, sei lá! tá aí, pra rever e pensar!
sábado, 13 de junho de 2009
Uma coisa que gosto muito....
Arte poética – II
"A poesia não me pede propriamente uma especialização pois a sua arte é uma arte do ser. Também não é tempo ou trabalho o que a poesia me pede. Nem me pede uma ciência nem uma estética nem uma teoria. Pede-me antes a inteireza do meu ser, uma consciência mais funda do que minha inteligência, uma fidelidade mais pura do que aquela que eu posso controlar. Pede-me uma intransigência sem lacuna. Pede-me que arranque da minha vida que se quebra, gasta, corrompe e dilui uma túnica sem costura. Pede-me que viva atenta como uma antena, pede-me que viva sempre, que nunca me esqueça. Pede-me uma obstinação sem tréguas, densa e compacta.
Pois a poesia é a minha explicação com o universo, a minha convivência com as coisas, a minha participação no real, o meu encontro com as vozes e as imagens. Por isso o poema fala não de uma vida ideal mas sim de uma vida concreta: ângulo da janela, ressonância das ruas, das cidades e dos quartos, sobra dos muros, aparição dos rostos, silêncio, distância e brilho das estrelas, respiração da noite, perfume da tília e do orégão.
É esta relação com o universo que define o poema como poema, como obra de criação poética. Quando há apenas relação com uma matéria há apenas artesanato.
É o artesanato que pede especialização, ciência, trabalho, tempo e uma estética. Todo o poeta, todo o artista é artesão de uma linguagem. Mas o artesanato das artes poéticas não nasce de si mesmo, isto é, da relação com uma matéria, como nas artes artesanais. O artesanato das artes poéticas nasce da própria poesia à qual está consubstancialmente unido. Se um poeta diz 'obscuro', 'amplo', 'barco', 'pedra' é porque estas palavras nomeiam a sua visão de mundo, a sua ligação com as coisas. Não foram palavras escolhidas esteticamente pela sua beleza, foram escolhidas pela sua realidade, pela sua necessidade, pelo seu poder poético de estabelecer uma aliança. E é da obstinação sem tréguas que a poesia exige que nasce o 'obstinado rigor' do poema. O verso é denso, tenso como um arco, exactamente dito, porque os dias foram densos, tensos como arcos, exactamente vividos. O equilíbrio das palavras entre si é o equilíbrio dos momentos entre si.
E no quadro sensível do poema vejo para onde vou, reconheço o meu caminho, o meu reino, a minha vida."
Obra Poética III – Ed. Caminho
Sophia de Mello Breyner Andersen
"A poesia não me pede propriamente uma especialização pois a sua arte é uma arte do ser. Também não é tempo ou trabalho o que a poesia me pede. Nem me pede uma ciência nem uma estética nem uma teoria. Pede-me antes a inteireza do meu ser, uma consciência mais funda do que minha inteligência, uma fidelidade mais pura do que aquela que eu posso controlar. Pede-me uma intransigência sem lacuna. Pede-me que arranque da minha vida que se quebra, gasta, corrompe e dilui uma túnica sem costura. Pede-me que viva atenta como uma antena, pede-me que viva sempre, que nunca me esqueça. Pede-me uma obstinação sem tréguas, densa e compacta.
Pois a poesia é a minha explicação com o universo, a minha convivência com as coisas, a minha participação no real, o meu encontro com as vozes e as imagens. Por isso o poema fala não de uma vida ideal mas sim de uma vida concreta: ângulo da janela, ressonância das ruas, das cidades e dos quartos, sobra dos muros, aparição dos rostos, silêncio, distância e brilho das estrelas, respiração da noite, perfume da tília e do orégão.
É esta relação com o universo que define o poema como poema, como obra de criação poética. Quando há apenas relação com uma matéria há apenas artesanato.
É o artesanato que pede especialização, ciência, trabalho, tempo e uma estética. Todo o poeta, todo o artista é artesão de uma linguagem. Mas o artesanato das artes poéticas não nasce de si mesmo, isto é, da relação com uma matéria, como nas artes artesanais. O artesanato das artes poéticas nasce da própria poesia à qual está consubstancialmente unido. Se um poeta diz 'obscuro', 'amplo', 'barco', 'pedra' é porque estas palavras nomeiam a sua visão de mundo, a sua ligação com as coisas. Não foram palavras escolhidas esteticamente pela sua beleza, foram escolhidas pela sua realidade, pela sua necessidade, pelo seu poder poético de estabelecer uma aliança. E é da obstinação sem tréguas que a poesia exige que nasce o 'obstinado rigor' do poema. O verso é denso, tenso como um arco, exactamente dito, porque os dias foram densos, tensos como arcos, exactamente vividos. O equilíbrio das palavras entre si é o equilíbrio dos momentos entre si.
E no quadro sensível do poema vejo para onde vou, reconheço o meu caminho, o meu reino, a minha vida."
Obra Poética III – Ed. Caminho
Sophia de Mello Breyner Andersen
13/06
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